segunda-feira, 28 de abril de 2014

Sentimentos controversos

Pensei que passada quase uma semana do cancelamento do tratamento que estaria melhor psicologicamente. Os domingos são passados em contato com os meus sobrinhos (2 meninos e duas meninas). Eles são a minha alegria. Adoro agarra-los e dar-lhes beijinhos nas bochechinhas principalmente quando me chamam "ti ti". Mas ontem voltei a sentir-me em baixo. Chegou a uma certa altura que as lágrimas me vieram aos olhos mas fiz um esforço para que ninguém reparasse. Estou sensível e ver estes pequenos a brincar, a chamar mamã a mãe, papa ao pai, a fazerem asneiras só me faz pensar que nunca mais chega a nossa vez. Ou que nunca vai surgir esse dia. Fico feliz pela minhas cunhadas/irmãs mas ao mesmo tempo sinto um vazio. Ontem recebemos a notícia que mais uma criança chegou a família. Fiquei tão feliz pelos pais. Mas mais uma vez fui abaixo. Não é fácil lidar com esta situação toda. Se calhar existem pessoas que pensam que aqui existe um pontinha de ciúme/inveja. Não vou dizer que não mas também não aceito que pensem que seja algo negativo pois não é. Acho que todos nós sentimos ciúme/inveja quando vemos algo que gostávamos de ter e não podemos. Não é por alguém ter algo, e eu não, que lhe vou desejar mal mas, infelizmente, há muita gente neste mundo que é assim. Que quando não têm aquilo que querem desejam mal aos outros e a sua vida é guiada pela maldade. Conheço pessoas que me dizem que tenho tudo: uma boa casa; uma marido espetacular, um carro, um bom trabalho, etc... Mas não tenho aquilo que mais quero: um filho. Não sei se esse dia vai demorar a chegar ou se vai chegar. Às vezes apetece-me gritar isso às pessoas que fazem esses comentários mas não consigo. Fico enervada e triste. É um vazio que se sente. Principalmente quando nos dizem que temos tudo e só nos falta mesmo ter um filho. Que temos de pensar nisso e fazer um. Sei que as pessoas não dizem isso por maldade mas não sabem a luta que está a ser e ao dizê-lo estão a magoar. "tens uns sobrinhos tão bonitos. tens que lhes dar uns primos" são alguns dos comentários. Às vezes sou agressiva a responder e digo que "se não tenho filhos é porque não quero ou ainda tenho muito tempo ou um dia destes". Mas às vezes apetece gritar que se não os tenho é porque não os posso ter... São muitos os sentimentos que se sentem e muitos deles controversos.

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